terça-feira, fevereiro 28, 2017

O Hóspede (Adam Wingard, 2014)




As últimas três semanas me proporcionaram experiências cinematográficas bastante ricas. Faz algum tempo que não tenho selecionado qualquer filme do meu arsenal "alternativo" à disposição, orientando minhas escolhas basicamente pelas programações correntes da Netflix e da Net (Now). Mesmo com a oportunidade de encaixar algumas sessões de cinema nesse período, com Elle (2016, Paul Verhoeven) e John Wick 2 (2017, Chad Stahelski) em sequência, não será deles que escreverei nas próximas linhas. Os dois filmes que justificaram este post foram O Hóspede (2014, Adam Wingard) e I Am Not a Serial Killer (2016, Billy O' Brien), o primeiro na Net e o segundo na Netflix.

De Wingard eu conhecia apenas o terror cult, ainda presente na Netflix, You're Next (2011). O blog do Ronald Perrone, Dementia 13, relacionou o filme em alguma das suas inúmeras listas, me fazendo o imenso favor de apresentá-lo. Se a memória não me falha, Perrone tentava eleger os melhores filmes de terror a partir dos anos 2000, logo após o lançamento de A Bruxa (2015, Robert Eggers) no início do ano passado. Dessa lista passei a conhecer Adam Wingard e Jim Mickle, tendo assistido até agora dois filmes de cada. A refilmagem de A Bruxa de Blair, inclusive, ficou a cargo de Adam Wingard, gerando bastante expectativa, porém resultando numa experiência não muito empolgante (ainda não o vi, mas devo fazê-lo).

O Hóspede é um filme de suspense muito bem construído, daqueles em que o espectador torce pelo bandido, tamanho o fascínio que o personagem/ator exerce no seu imaginário. O carisma do ator Dan Stevens, que eu desconhecia completamente, é fundamental para sustentar essa condição. Em dez minutos de projeção o diretor e roteirista Adam Wingard apresenta o personagem e estabelece o tom sombrio que vai perdurar nas próximas duas horas. São poucas tomadas curtas carregadas de atmosfera - o filme se passa durante a celebração do Halloween. A estratégia adotada pelo realizador é abusar do apelo sedutor de Dan Stevens e garantir a sua conexão emocional junto ao público. Aos poucos a psique do personagem vai sendo revelada ao espectador, que passa a experimentar um sentimento de repulsa e aproximação ao mesmo tempo. O personagem carrega uma sequela devido à sua passagem pelo exército que poderia servir de "mensagem política do filme", mas é habilmente evitada pelo diretor.

O desfecho se passa todo num imóvel que está sendo preparado para abrigar a festa de Halloween da cidade, cuja decoração carrega todo o aparato característico que compõe o seu material visual. Todo esse entorno contribui para valorizar a encenação e ampliar o clima de suspense pretendido. A atriz principal Maika Monroe emplacou no mesmo ano o sucesso Corrente do Mal (2014, David Robert Mitchell), tornando-se da noite para o dia a atual musa dos filmes de terror norte americanos.

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